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Tratamento das Disfunções Têmporomandibulares: Possibilidades terapêuticas baseadas em evidências

Atualizado: 27 de jun. de 2018



A maioria das Disfunções Têmporomandibulares (DTMs) são de origem musculares ocasionadas por hiperfunção dos músculos da mastigação, principalmente em pacientes que apresentam bruxismo. Nessas situações, o uso de medicamentos e placas miorelaxantes controla a sintomatologia na grande maioria dos casos1. O uso de toxina botulínica também tem se mostrado uma terapia promissora e segura2.


No tratamento das DTMs, muitos conceitos mudaram nos últimos anos. De acordo com o Termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial3, de 2010, relatou-se: “É consenso entre pesquisadores e clínicos especializados em dor orofacial que a oclusão dentária não mais pode ser considerada fator primário na etiologia da DTM. Alguns fatores de relacionamento oclusal são citados como predisponentes das DTM, entretanto, estudos demonstram que a correção desses fatores em indivíduos sintomáticos tem pouca eficácia no controle da DTM”. 


Porém, algumas condições dentárias como uma restauração muito alta pode desencadear dor muscular ou na ATM, sendo, neste caso, indicado um ajuste oclusal. Já algumas doenças articulares como a artrite podem ocasionar a má oclusão, nesse caso o problema dentário foi resultado de uma degeneração intra-articular, e não a causa, sendo que nestas situações, ajustes oclusais não trazem benefício algum ao paciente.


Nos casos onde a ATM apresenta problemas intra-articulares várias condições podem estar presentes. Dentre as mais comuns, estão os deslocamentos do disco articular para anterior e/ou para medial, o qual pode ser diagnosticado através de exame clínico e de ressonância magnética. Outro problema articular bastante comum são as sinovites ou capsulites, onde a revestimento interno da cápsula está inflamado, deixando a articulação bastante dolorosa ao toque ou durante a mastigação. Essas inflamações, quando recorrentes, podem gerar adesões fibrosas no disco, limitando ainda mais o seu adequado deslizamento durante os movimentos de abertura e fechamento da boca, podendo até mesmo levar o travamento da mandíbula.


Atualmente dispomos de procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos para o tratamento de alguns problemas intra-articulares, evitando o procedimento cirúrgico aberto na grande maioria dos casos. Destacam-se a ARTROCENTESE e ARTROSCOPIA.


Artrocentese é um procedimento com baixas taxas de complicações e alta taxa de sucesso, conforme a literatura científica4-5. Duas agulhas são posicionadas transcutaneamente no interior da articulação e é realizada uma lavagem sob pressão com solução de Ringer. Desse modo, a pressão da solução injetada remove adesões e libera o disco articular. Ao mesmo tempo, todo o componente inflamatório que estava no interior da articulação é removido e a articulação fica “limpa”.


Artrocospia para ATM evoluiu muito nos últimos anos possuindo hoje grande quantidade de trabalhos científicos publicados6-8. Trata-se de uma técnica minimamente invasiva no qual se consegue acessar o interior da articulação utilizando uma micro câmera (artroscópio) sendo possível visualizar a condição e o posicionamento do disco articular e ao mesmo tempo lavar a articulação e remover adesões, da mesma forma que na artrocentese, porém com visão direta através da imagem projetada no vídeo. As principais indicações para artrocentese ou artroscopia da ATM são:

  • Dor refratária e persistente a outras terapias (placas oclusais, fisioterapia etc.)

  • Artrite sistêmica ou alterações hormonais com envolvimento da ATM

  • Biópsia de lesões patológica intra-articulares

  • Trauma na região, que pode promover sangramento no interior da ATM (hemoartrose)

  • Confirmação clínica de hiper/hipomobilidade

  • Injeções de medicamentos intra-articular com visão direta

Para o tratamento das DTMs baseados em evidências científicas, o primeiro passo é um correto diagnóstico, que muita vezes é dificultado pelo fato de ser uma doença multifatorial. É necessário, portanto, que além de conhecimento se tenha visão de todas as possibilidades terapêuticas bem como suas respectivas indicações, visto que, uma atuação e interação multidisciplinar são imprescindíveis para o sucesso do tratamento.


Referências

  1. Martins-Junior RL, Palma AJ, Marquardt EJ, Gondin TM, Kerber Fde C. Temporomandibular disorders: a report of 124 patients. J Contemp Dent Pract. 2010;11(5):071-8.

  2. Long H, Liao Z, Wang Y, Liao L, Lai W. Efficacy of botulinum toxins on bruxism: an evidence-based review. Int Dent J. 2012 Feb;62(1):1-5.

  3. Carrara S, Conti P, Barbosa J. Termo do 1º Consenso em DisfunçãoTemporomandibular e Dor Orofacial. Dental Press J Orthod. 2010;15(3):114-20.

  4. 4. Neeli AS, Umarani M, Kotrashetti SM, Baliga S. Arthrocentesis for the treatment of internal derangement of the temporomandibular joint. J Maxillofac Oral Surg. 2010 Dec;9(4):350-4.

  5. Onder ME, Tuz HH, Kocyigit D, Kisnisci RS. Long-term results of arthrocentesis in degenerative temporomandibular disorders. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2009 Jan;107(1):e1-5.

  6. Machon V, Sedy J, Klima K, Hirjak D, Foltan R. Arthroscopic lysis and lavage in patients with temporomandibular anterior disc displacement without reduction. Int J Oral Maxillofac Surg. 2012 Jan;41(1):109-13.

  7. Cai XY, Yang C, Chen MJ, Jiang B, Zhou Q, Jin JM, et al. Arthroscopic management for synovial chondromatosis of the temporomandibular joint: a retrospective review of 33 cases. J Oral Maxillofac Surg. 2012 Sep;70(9):2106-13.

  8. Leibur E, Jagur O, Muursepp P, Veede L, Voog-Oras U. Long-term evaluation of arthroscopic surgery with lysis and lavage of temporomandibular joint disorders. J Craniomaxillofac Surg. 2010 Dec;38(8):615-20.

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