A formação do aluno deve envolver áreas diversas em um conceito trans e multidisciplinar. Porém, o que vemos na prática é que a odontologia ensinada na graduação, na maioria das universidades, não contempla a importante e necessária disciplina de implantodontia. Isso interessa a quem?
Não é raro vermos em algumas universidades uma rixa estúpida entre a odontologia preventiva e a odontologia curativa, como se de fato houvesse uma mais importante do que a outra. Ambas são importantes!
O problema é que essa briga infantil têm trazido retaliações devastadoras nos currículos da graduação em odontologia. A questão é que os burocratas da odontologia não sabem diferir conhecimento de habilidade.
A maioria dos conceitos envolvendo odontologia preventiva são iminentemente teóricos (e são de extrema importância!). Quando se faz necessário desenvolvimento de habilidades manuais (revelação de placa, profilaxia, aplicação de flúor, CPOD, etc), essas, apresentam curva de aprendizado baixa. Tanto é que isso muita vezes até pode ser delegado ao TSB (Técnico em Saúde Bucal). Agora isso não as tornam menos importante. Muito pelo contrário, acredito muito do poder na prevenção e na promoção de saúde, não só bucal mas também sistêmica.
O resultado desse pensamento simplista é que vemos uma abundância de carga horária alocada em disciplinas com baixa curva de aprendizado e uma redução substancial de disciplinas com curva de aprendizado extremamente lenta.
Quando eu dei aula na graduação vivi isso na prática. Tínhamos 1 semestre inteiro para anestesiologia e mais 3 semestres de cirurgia (na cirurgia 3 os alunos faziam até cirurgia de 3º molares no centro cirúrgico da faculdade). De uma hora pra outra os burocratas cortaram pela metade a carga horária. Será que você precisa 10 semestres para aprender de fato odontologia preventiva? será que anestesia local e cirurgia você aprende em apenas 2 semestres?
Se isso não bastasse, a disciplina de implantodontia, que é onipresente em qualquer prática clínica da vida real, é completamente colocada de lado. É como se reabilitar o paciente com PPR ou prótese fixa hoje ainda fosse a primeira opção. Não é!
A implantontia básica tem total condição de fazer parte do ensino odontológico e necessita urgentemente ser inserida no contexto curricular (parabenizo aqui aquelas faculdades que já fazem isso). Além do aluno aprender os fundamentos da osteointegração, tipos de implantes, prótese sobre implante etc, os alunos podem ter atividades pré-clínica com hand´s on e até mesmo atividades clínicas com casos selecionados.
Por mais que aluno não sairá da faculdade fazendo reabilitações totais implantossuportadas, ele aprendeu a considerar a implantodontia em seu plano de tratamento.
Enfim, o mercado de trabalho está ficando cada vez cruel com quem não está preparado. Ficar calado perante estas visões limitadas da odontologia e do ensino odontológico é um ato de iatrogenia de todos que prezam pelo futuro da profissão.
No vídeo abaixo, exemplifico isso na prática. Pra finalizar este post, uma frase para refletirmos:
Escolha sempre o caminho que pareça o melhor, mesmo que seja o mais difícil; o hábito brevemente o tornará fácil e agradável. (Pitágoras)
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